In meta-naturam orationes

Se um homem vigoroso se atrevesse a perguntar no microfone do mundo quais dos presentes vivos são metafísicos, de certo apenas uma ou duas mãos se levantariam e estes diriam “nós, com orgulho, somos metafísicos”. Uma ou duas mentes já no leito de um hospital, prontas para seu derradeiro fim. E aí, pensaríamos: “O mundo já está livre da metafísica”. Crasso engano. Nos intelectuais e nos filósofos e nos pensadores a metafísica já jaz sepultada no cemitério da história. Mas, nas mentes outras, nos homens que sempre sabem e conhecem pelo famoso telefone sem fio, a metafísica vive, e vive esplendorosamente. É que o modo metafísico de encarar o mundo já está tão enraizado no Ocidente e no mundo ocidentalizado que sequer há a possibilidade de perceber este enraizamento. Daí ouvirmos aos montes todo um repúdio pela metafísica e estes repudiadores serem tão metafísicos quanto Platão! Nega-se, então, a metafísica sem saber o que é metafísica. A negação pela negação. E não seriam esses separadores sedutores os metafísicos de hoje? Estes que separam o mundo entre real e ideal, inteligível e sensível, em prática e teoria. Estes que chamam tudo de metafísico e usam a própria metafísica para isso! Um certo alemão disse uma certa coisa: “A crença fundamental dos metafísicos é a crença na antítese dos valores.” Eu estenderia e diria que a crença fundamental dos metafísicos é a crença na possibilidade de divisão! Brava metafísica, imortal como a ignorância!

A verdade por trás das obras de artes é que não há verdade por trás

A verdade é que por trás das obras de arte há muito mais do que toda a importância estética. Arrisco-me até a dizer que, se fossem completamente desprezadas as vaidades estéticas da obra de arte, ainda assim teria ela seu valor absoluto sobre a vida humana: o de compositor por excelência da realidade.

Muito mais do que meras e estúpidas representações miméticas da realidade, a obra de arte se estabelece como potência criadora. Tudo que se dá enquanto obra de arte, necessária e obrigatoriamente, é.

Portanto, quais sejam as coisas ditas, a exemplo, na obra de Pessoa, são coisas reais e magnanimamente verdadeiras. E são por si mesmas, quando realizadas, independendo do que já é para serem.

O papel do poeta na construção do mundo.

Segue-se que a vida é essa: una e múltipla. É a convergência de todo o caos num ponto aparente de mundus (ordem). O poeta é aquele que se desloca deste ponto de ordenação, e no real – res – bebe da fonte. O poeta é aquele que, acima de tudo, tem um relacionamento com a coisa. Poesia, em seu sentido essencial de criação, é, senão, a desordem posta na ordem. É a criação pactuada pelo caos.

Ora, quem ousa afirmar ordem na obra de Fernando Pessoa? Quem ousa afirmar que ali é mundo? Clica aqui e veja o desenrolar no poeta Pessoa

Do Marcus e da Arte.

Saudações.

É com prazer que hoje estreio neste blog. E almejo, sobretudo, contribuir, na medida do possível, para a pensante discussão que aqui se sitia. Ora, a existência desse blog muito me é amigável, posto que a multi-disciplinaridade aqui vigora, fomentando um círculo de inter-debates, vozes que se dialogam, podendo complementarem-se ou tensionarem-se. De qualquer forma, a dialética, o dia-lógos, ocorre.

Quanto a mim, Marcus, Eu ainda não disse nada, então continue lendo.