“O Discurso do Rei” – Realidade, drama com pitada de humor e excelente qualidade

O Discurso do Rei, o grande vencedor do Oscar 2011, conta a história daquele que viria a ser o George VI do Reino Unido. Nascido Albert Frederick Arthur George, chamado de Bertie pela família, o integrante da realeza se vê agoniado com seus problemas mecânicos na fala, que o fazem ser gago e o impedem de falar bem em público, atividade esta que fazia parte de sua rotina. Com a invenção do rádio, a necessidade da fala com boa dicção se acentua, e sua vergonha e nervosismo também.
Colin Firth atua excelentemente representando aquele que foi o pai da atual Monarca e Chefe de Estado do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, a rainha Elizabeth II (ou Isabel II), fazendo por merecer o Oscar 2011 de melhor ator que recebeu.
Até então Duque de York, ele já havia se consultado com diversos médicos: formados, bem conceituados, com as melhores cartas de recomendação. No entanto, sem obter resultados satisfatórios. Até que sua esposa Elizabeth (Helena Bonham Carter) o convence a se consultar com mais um: Lionel Logue (Geoffrey Rush), um terapeuta de fala que, na realidade, era ator. Sem formação profissional, nem cartas de recomendação e sem métodos convencionais. De acordo com suas experiências no palco e ensinando a alunos, Lionel trabalha não só a mecânica da fala como o psicológico de quem com ele se consulta. E com a Alteza Real, não foi diferente.
Já na primeira sessão o terapeuta quebra as etiquetas pedindo que ele e George se chamem pelos seus nomes. Pede que ele leia o monólogo “Ser ou não Ser” (Hamlet – Shakespeare), enquanto ouve “Le Nozze di Figaro” (Mozart) enquanto Lionel grava sua leitura em um vinil. Com medo, já sem esperanças, George desiste no meio e vai embora sem nem ao menos ouvir o que tinha lido, mas leva consigo o vinil em que estava gravada a sua perfeita leitura.
Depois de um bom tempo e muita resistência, George resolve escutar o disco, fato que o leva de volta ao consultório de Lionel. Ainda preferindo manter as etiquetas, sem querer permitir intimidades, eles fazem juntos exercícios de relaxamento da musculatura, muitas vezes com participação de sua esposa Elizabeth, e o terapeuta insiste em procurar a razão psicológica para a gagueira de George. Estas cenas dão um toque de humor ao filme, além das grande tiradas feitas por Lionel, que deve-se ressaltar pois, sem dúvidas, foram fundamentais para o Oscar 2011 de Melhor Roteiro também levado pelo filme.
Com a morte de seu pai, o rei George V, o futuro Rei aparece inesperadamente para se consultar com Lionel e acaba se permitindo desvendar os verdadeiros motivos que o levam a ser gago: a severidade exagerada do pai, as correções dadas a ele pelo fato de ser canhoto e pelos seus joelhos tortos, uma babá que tivera quando pequeno que o beliscava para fazê-lo chorar na frente dos pais e assim ser repreendido por eles e a morte de seu irmão mais novo (Príncipe John, epilético, faleceu aos 12 anos).
Nos momentos seguintes George se vê tendo que ser Rei, uma vez que seu irmão mais velho David (Guy Pearce), o Príncipe de Gales, decide se casar com uma americana plebéia já duas vezes divorciada, fato não permitido para um membro da Corte Real.
Ainda com muito medo de não ser capaz de ser um bom Rei, o tratamento começa a realmente se desenvolver. Ainda com brigas e discordâncias, o terapeuta e seu paciente vão se tornando verdadeiros amigos.
Em 1939, George VI e seu terapeuta Lionel preparam seu discurso para toda a nação, sobre a declaração de guerra à Alemanha Nazista, diretamente do Palácio de Buckingham. É quando Winston Churchill (Timothy Spall) confessa ao Rei que também tinha problemas com a fala, mas achou um modo de utilizá-la a seu favor. Com muitas pausas bem situadas, George discursa perfeita e excelentemente. Em seus demais discursos durante a Segunda Guerra Mundial, Lionel esteve presente. Além disso, ele foi nomeado “Comandante da Real Ordem Vitoriana”, em 1944.
George VI governou de 1936 a 1952. Colin Firth atua muito bem e o diretor teve como resultado um filme de ótima qualidade, fatos estes que são demonstrados nas 4 estatuetas do Oscar conquistadas (melhor filme, ator, diretor e roteiro), das 12 indicações. Com 118 minutos, o filme é enriquecido com cenas verdadeiras de Hitler, divertido com os diálogos entre Lionel e o Rei, dramático pela situação retratada, intenso pela luta de George e feliz pela sua vitória.

Aproveito, neste post, para comunicar que hoje irei viajar e retorno no dia 21 de abril. Durante este tempo não terei acesso a internet e, portanto, não publicarei. Até mais ver, caros leitores!

1 thoughts on ““O Discurso do Rei” – Realidade, drama com pitada de humor e excelente qualidade

  1. O que fazer um mês sem a Elis por um mês?
    Me entregarei as drogas, é o modo de ficar quase um mês fora do ar -não
    Elis, inclusive você aparentemente esqueceu de comentar que o filme tem certas inacuidades (Churchill era a favor do irmão de George no trono e não contra como expresso no filme, o personagem foi mudado por que poucos conhecem Lord Fairfax ou outros nobres ‘pró George, o gago’) mas tentou (segundo o diretor) ser o mais fiel o possível a realidade o possível.
    Inclusive, o bisneto de Lionel negou que o bisavô praticou fonodiaulogia com palavrões.
    Inclusive [2], odeio essa mania de alguns historiadores de traduzir nomes.

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